O câncer colorretal (ou do intestino grosso e reto) é um problema mundial, com uma incidência anual de cerca de 1 milhão de casos e uma mortalidade anual de mais de 500.000. O número absoluto de casos aumentará nas próximas duas décadas como resultado do envelhecimento e expansão das populações, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. O câncer colorretal é a segunda causa mais frequente de mortalidade por câncer entre homens e mulheres. A maioria dos tumores colorretais aparecem a partir de adenomas esporádicos (ou pólipos, popularmente, conhecidos como “verrugas”), e uns poucos a partir de síndromes genéticas de polipose ou doença inflamatória intestinal. O termo “pólipo” refere-se a uma massa discreta que se eleva na luz do intestino. Segundo dados de triagem utilizando colonoscopia, a prevalência descrita dos pólipos adenomatosos está na faixa de 18 a 36%. O risco de câncer colorretal varia de um país para outro, inclusive dentro de um mesmo país. O risco também varia entre os indivíduos segundo sua dieta (consumo de frituras, carne vermelha, processados, baixo consumo de fibras na dieta), estilo de vida (sedentarismo, consumo de álcool e tabaco) e fatores hereditários.
Estima-se que o câncer colorretal representa 550.000 novos casos incidentais e 278.000 mortes entre os homens, e 473.000 novos casos incidentais e 255.000 mortes entre as mulheres. Em 2002, o câncer colorretal representava 9.4% da carga global de câncer para os dois sexos e era mais frequente na América do Norte, Austrália, Nova Zelândia, e partes da Europa. Isto levou a considerar o câncer colorretal como uma patologia ligada ao estilo de vida ocidental.
A colonoscopia permite a detecção e ressecção de pólipos bem como fazer biópsias em todo o cólon. A capacidade da colonoscopia para detectar pólipos e câncer são elevadas (pelo menos 95% dos pólipos grandes). Segundo os estudos de colonoscopias, a taxa de falhas na detecção de pólipos é de 15–25% para pólipos do tipo adenomas menores a 5 mm de diâmetro e 0–6% para adenomas de 10 mm ou mais.
O exame de colonoscopia é considerado o “padrão ouro”, e os pacientes com resultados positivos em qualquer outro teste de triagem (sangue oculto nas fezes, sigmoidoscopia, colonografia com tomografia computada – “colonoscopia virtual”) deveriam ser derivados posteriormente para colonoscopia se o recurso estiver disponível. Em alguns países que dispõem destes recursos, a colonoscopia direta virou o procedimento mais comum para triagem do câncer colorretal. As maiores complicações do exame (perfuração, sangramento, infecção, etc.) aparecem somente em 1–2 de cada 1000 casos, com menor frequência, ainda, em grandes centros especializados no exame.
Matéria elaborada pelo Dr. Rafael Lima Kahwage. Médico gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia e membro associado a Rome Foundation.
Adaptado da fonte: https://www.worldgastroenterology.org/